quarta-feira, 8 de abril de 2015

Baihuno Paulista

Já que o tempo fez-te a graça de visitares o Sul (Sudeste Interior), leva notícias de mim.
Diz àqueles da província que já me viste a perigo: na cidade grande enfim.
Conta aos amigos doutores que abusadamente estou tentando também. E que aqui, na academia digladiando, esperava menos lutas, menos egos, menos amém...
São por fim os mesmos bárbaros e sou quase um deles, mas eles não aceitam. Ainda (bem).
Ah! metrópole violenta que extermina os miseráveis, negros párias, teus meninos!
Mais uma estação no inferno, Babilônia, Dante eterno! Fujo sempre que possível. Há sim, outros destinos.
Conta àquela namorada que assim como com ela, não deu certo com ninguém.
Culpa minha, mais que tudo. Culpa dela, da outra, da próxima (menos, cada vez menos).
E, no que toca à, família, dá-lhe um abraço apertado, que a todos possa abarcar.
Fora-da-lei, procurado, me convém e necessito, família unida contra quem me rebelar.
Se cair no futebol, dói. Ainda dói. Mas dói menos que antes.
O prazer de uma vitória, ficou menor. O prazer de uma cerveja, maior. Avisa ao vô que nada mudou, mas que o coração cansou o lado branco, o preto ganhou.
Já que o tempo fez-te a graça de visitares a tua terra natal, que é minha, leva noticias de mim.
O mundo incerto está se acertando, é bom demais para ser verdade. Por isso mesmo, não é.
Das facilidades tão difíceis da juventude, não sinto falta, nem pena. Triste ver o quanto muitos se apegam, ao pequeno prazer que um passado ruim não é capaz de dar.
Ah! quem precisa de heróis? Os que eram referência, são os que mais decepcionam. Vida segue por aqui, estaciona por aí.
A torcida da desgraça, a ignorância sobre os prazeres. Me acham sofrido, desdenham os dizeres.
De onde vem essa dureza? Na ponta do dedo da certeza, de fracasso pessoal. Quem me importo? Eu que sim.
Ao padre meu amigo, aquele primeiro, querido, não se importe em dar recado. Ele já sabe que de santo eu tenho um bocado. Ele sabe que de longe, sou mais útil que de perto. Continuo buscando, sem sorte em encontrar, o que está tão escondido, aqui na minha frente.
Calma que não sou caso perdido, até tentei, mas não fui bem sucedido
- Não vendi a alma ao diabo... O diabo viu mau negócio nisso de comprar a minha.
Se meu pai, se minha mãe se perguntarem, sem jeito - Onde foi que a gente errou?
Responda sem cerimônias, que só de acertos eles vivem. Que um dia eu volto. Que as dúvidas evitem. E que nunca foi tão grande a vontade de ser parecido. Mando desculpas pela feliz ausência.
Para o restante curioso, mande um salve bem genérico. Não me incomoda, só bem muito.

O rinoceronte é mais decente do que essa gente demente do Ocidente tão cristão.

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